Morreu nesta sexta-feira, 30, Conceição Viana da Silva (Dadá), griô da comunidade quilombola Dona Juscelina, em Muricilândia.
Seu Dadá nasceu em 17/01/1949 e chegou à região ainda criança, no final de 1952, e desde então construiu uma trajetória marcada pelo amor às águas, pela sabedoria popular e pelo compromisso com a história e a cultura do seu povo.
Ele era pescador por vocação e, por necessidade, encontrou felicidade na canoa, navegando e pescando para alimentar sua família. Conhecedor profundo do Rio, das rezas, das histórias e do desenvolvimento de Muricilândia, Seu Dadá recebia com generosidade tanto os moradores quanto visitantes que vinham ouvir suas memórias e aprender com sua vivência.
A editora chefe da Gazeta, Maju Cotrim, lamentou a morte de Sr Dadá e destacou sua contribuição para a comunidade e para o Tocantins. “Manifestamos nosso pesar e externamos a solidariedade a toda comunidade. Sr Dadá permanece vivo no seu legado”, disse.
A Coeqto manifestou pesar pela perda do líder: “Sua partida nesta sexta-feira (30/05/2025) representa uma grande perda para todos nós. Seu Dadá ancestralizou, mas seu legado de força, coragem e sabedoria permanece vivo entre nós”, lamentou.
A comunidade Dona Juscelina homenageou o Griô. Veja a homenagem:
Adeus, griô…
Hoje, o Rio Muricizal corre mais lento, como quem carrega um corpo sagrado, como quem lamenta a partida de um filho, como quem celebra a chegada de um encantado. As águas sabem seu nome e respondem ao som do seu “remado”.
Os tambores, por um instante eterno, perderam o ritmo, carregam agora lágrimas e reverência, em honra de Conceição Viana da Silva, seu Dadá, nosso griô das águas.
Guardião dos rios, córregos e nascentes, percussionista do coração do mundo, conhecedor dos segredos das águas, porque nelas mergulhou histórias, lavou dores e ensinou caminhos.
Em sua voz morava a calmaria dos banzeiros e das cachoeiras, em suas mãos, o como do tempo, a sabedoria da vida, seus ensinamentos foram canoa firme em correnteza brava.
No teatro do Festejo da Abolição, sua arte era denúncia e presença. A história não lhe escapava, ele a encenava com fervor, fazendo da dramatização, uma memória viva e insubmissa. A cada o seu, ecoava o grito dos que vieram antes: vozes da ancestralidade, da esperança e da liberdade.
Dadá partiu para onde só os mestres caminham, sua trajetória agora é navegar em outros ventos, descanse em paz, griô, os rios que protegeu correm em nossos olhos e pulsa em nossas veias.
Seguiremos mantendo viva sua memória, recontando suas histórias. Seu legado sempre será olho d’água que não seca, rio que não cessa.
Griô Dada, presente, presente, presente!
Coluna escrita por Maju Cotrim escritora e consultora de comunicação. CEO Editora-Chefe da Gazeta do Cerrado. Jornalismo de causa, social, político e anti-fake!
Coluna escrita por Maju Cotrim escritora e consultora de comunicação. CEO Editora-Chefe da Gazeta do Cerrado. Jornalismo de causa, social, político e anti-fake!