Retrocesso

Sindjor questiona nomeação em diretoria de comunicação; Governo reverá ato e profissional habilitado deve ocupar vaga

Sindicato exige explicações sobre os critérios utilizados para a nomeação e pergunta publicamente por que profissionais formados e registrados no Tocantins não foram considerados para o cargo.

Fachada SSP-TO- Luiz de Castro/Governo do Tocantins
Fachada SSP-TO- Luiz de Castro/Governo do Tocantins

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Estado do Tocantins (Sindjor-TO) manifestou-se publicamente com estranheza e indignação diante da recente mudança realizada na Diretoria de Comunicação da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP/TO). O motivo: a nomeação de um profissional sem formação superior em Jornalismo ou qualquer área da Comunicação Social para ocupar o cargo de direção do setor.

Segundo o sindicato, a decisão representa um grave retrocesso na valorização da profissão, além de comprometer a eficiência da comunicação pública e afrontar diretamente a luta histórica pela profissionalização do serviço público de comunicação.

“Trata-se de um ato totalmente contraproducente, cujos impactos são deletérios. Isso contribui para a desvalorização da profissão de jornalista, compromete a eficiência da comunicação pública e se configura como uma afronta flagrante à profissionalização do atendimento ao cidadão”, afirma o Sindjor-TO, em nota divulgada nesta sexta-feira (14).

Substituição sem critérios técnicos

Na avaliação do sindicato, a substituição de um profissional com formação acadêmica, experiência comprovada e conduta ética consolidada por alguém sem curso superior na área ou familiaridade com os códigos do jornalismo levanta sérias dúvidas sobre a condução da comunicação institucional da SSP.

O Sindjor questiona:

“A SSP/TO não possui, em seu planejamento estratégico, um plano de ação para o setor de comunicação? Ou possui, mas optou por atropelar suas diretrizes ao supor que marketing de redes sociais substitui comunicação pública qualificada e integrada?”

Exigência de explicações

O sindicato exige explicações sobre os critérios utilizados para a nomeação e pergunta publicamente por que profissionais formados e registrados no Tocantins não foram considerados para o cargo. Em um momento em que o país discute a regulamentação das redes sociais e o combate à desinformação, a entidade avalia como inaceitável que órgãos públicos desconsiderem a importância da formação técnica e ética no jornalismo profissional.

“Vivemos um momento crucial da democracia brasileira. Não é possível que cargos de gestão da comunicação em órgãos públicos sejam ocupados por pessoas sem formação ou registro profissional, enquanto tantos jornalistas qualificados atuam no Tocantins”, afirma a diretoria do Sindjor.

O sindicato também questiona a justificativa de que a nomeação seria um ato exclusivo do governador do Estado. Para a entidade, mesmo se tratando de uma nomeação oficial, as decisões do chefe do Executivo são baseadas em recomendações de seus auxiliares, como o titular da própria SSP.

“Estamos falando do mesmo governador que já demonstrou respeito aos profissionais da comunicação, como ao regulamentar a carga horária dos jornalistas concursados. É difícil crer que essa decisão de ignorar os atributos exigidos para um cargo técnico tenha partido diretamente dele”, diz o texto.

A nota também destaca que a criação de cargos comissionados e de carreira na comunicação pública é fruto da luta sindical, voltada à construção de uma comunicação estatal ética, eficiente e alinhada ao interesse público. Nesse sentido, o Sindjor-TO estranha ainda mais a postura do secretário de Segurança Pública, que tem origem no movimento sindical.

“É lamentável que um gestor oriundo do sindicalismo ignore reivindicações sindicais legítimas, como neste caso da diretoria de Comunicação”, acrescenta.

Pedido de revisão imediata

Por fim, o Sindjor-TO reafirma seu compromisso com a valorização do jornalismo profissional no serviço público e solicita a imediata revisão da nomeação, exigindo que o cargo de diretor de Comunicação da SSP seja ocupado por um jornalista formado, registrado e capacitado para atuar conforme os princípios da ética e da legalidade.

“Pleiteamos, de forma pública, que o ato seja revisto. Não se trata apenas de uma questão corporativa, mas de zelar pela qualidade da informação que chega à população tocantinense”, conclui o sindicato.

O que diz o Governo

A Gazeta apurou que a nomeação será revista e que um profissional devidamente habilitado para o cargo será nomeado para a vaga após reanálise da gestão.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins