Só um mandato

CCJ do Senado aprova fim da reeleição e propõe mandato único de cinco anos para presidente, governador e prefeito

Texto segue agora para o plenário da Casa e, se for aprovado pelos senadores, deverá seguir para Câmara

Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado — Foto: Andressa Anholete/Agência Senado
Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado — Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, nesta quarta-feira, 15, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que extingue a reeleição para os cargos de presidente da República, governadores e prefeitos. A proposta, relatada pelo senador Marcelo Castro (MDB-PI), também prevê mandato único de cinco anos para todos os cargos eletivos, incluindo deputados federais, estaduais, distritais e senadores. A votação foi simbólica, sem registro nominal dos votos.

A medida tem como objetivo reduzir os custos eleitorais e fortalecer o equilíbrio político, com a unificação dos pleitos e o fim da possibilidade de reeleição consecutiva para cargos do Executivo. Agora, a PEC segue para o plenário do Senado, onde precisará ser aprovada em dois turnos, com o voto favorável de pelo menos 49 dos 81 senadores. Após isso, será encaminhada para análise da Câmara dos Deputados.

Transição e novas regras

O texto propõe uma transição gradual:

  • Prefeitos e vereadores eleitos em 2028 terão mandatos de seis anos.
  • A partir de 2034, todos os mandatos eletivos (Executivo e Legislativo) am a ter cinco anos.
  • Senadores eleitos em 2026 continuarão com mandatos de oito anos. Os eleitos em 2030 terão mandatos excepcionais de nove anos, para alinhar os ciclos eleitorais. A partir de 2039, os mandatos também am a ser de cinco anos.

A proposta também altera o tempo de mandato dos deputados federais, estaduais e distritais, que a dos atuais quatro para cinco anos, a partir das eleições de 2034.

Além disso, a PEC propõe a unificação das datas das eleições municipais e gerais, o que, segundo o relator, trará economia e maior racionalidade ao processo político.

Debate e resistências

O tema divide opiniões no Congresso. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) é contrário à medida e já expressou essa posição em reuniões com senadores. A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, também criticou a proposta, chamando-a de “oportunista” e “retrocesso”.

Ainda assim, a PEC conta com forte apoio dentro do Senado e entre lideranças partidárias. O presidente da CCJ, senador Otto Alencar (PSD-BA), defendeu o texto durante a sessão. Para ele, o fim da reeleição, aliado à unificação das eleições, seria um o importante para simplificar o sistema político.

O ex-presidente José Sarney (MDB), que governou o país entre 1985 e 1990, também se manifestou favorável:

“Sempre achei que devíamos ter mandato de cinco ou seis anos, sem reeleição”, declarou.

Entre os apoiadores mais entusiastas da proposta estão o senador Jorge Kajuru (PSB-GO), autor da PEC, e os ex-presidentes do Senado Rodrigo Pacheco (PSD-MG) e Davi Alcolumbre (União-AP), atual presidente da Casa.

Impacto imediato

Caso aprovada, a proposta não impedirá que os atuais mandatários concorram à reeleição nas eleições de 2024 (prefeitos) e 2026 (presidente e governadores), desde que não tenham sido reeleitos no mandato anterior. A mudança vale apenas a partir das eleições de 2028, para prefeitos, e 2030, para presidentes e governadores.

A expectativa é que a PEC seja votada pelo plenário do Senado antes do recesso parlamentar de julho.

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins