Em Palmas

Palavras em Lava: Toninho de Arapapá Barbosa celebra a poesia e as vivências no lançamento de sua obra

O poeta maranhense radicado em Palmas lança, nesta sexta-feira (13), seu livro que transita entre raízes culturais, vivências humanas e reflexões poéticas.

Palavras em Lava: Toninho de Arapapá Barbosa celebra a poesia e as vivências no lançamento de sua obra

Nesta sexta-feira (13), às 20h, a Câmara Municipal de Palmas receberá o lançamento do livro “Palavras em Lava”, a mais nova obra do poeta Toninho de Arapapá Barbosa.

A celebração contará com declamações de poesias, a presença do autor para autógrafos, e momento de música com o cantor Dorivã e Márcio Brasil, prometendo encantar os presentes com a sensibilidade de sua escrita.

Natural do povoado São João do Arapapá, em Vitorino Freire (MA), Antônio Barbosa Costa, conhecido como Toninho de Arapapá Barbosa, traz em sua poesia as marcas de uma infância no Médio Mearim, das vivências no garimpo e das influências de grandes nomes da literatura e da música. Para ele, Palavras em Lava é o resultado de 37 anos de dedicação à escrita, com 11 capítulos e o poema bônus Memorial Terra Pindorama.

“A arte existe porque a vida não basta”. A frase de Ferreira Gullar resume o espírito da obra, que transborda sensibilidade ao abordar desde o lirismo das memórias da infância até reflexões sobre as complexidades do mundo contemporâneo.

A trajetória de Toninho é marcada por prêmios como o III Prêmio SESI de Poesia do Tocantins e performances em festivais e eventos culturais. Suas influências literárias incluem nomes como Clarice Lispector, Cecília Meireles e Ferreira Gullar.

“Esse livro carrega toda uma trajetória de vida. Desde criança, comecei a tirar os poemas da cabeça e colocá-los no papel. São décadas de construção, plantando essas sementes poéticas. Agora, finalmente, estou na colheita dessa safra”, destaca Toninho.

Na ótica do autor

“Palavras em Lava é mais do que um livro; é um reflexo vivo da minha história, das minhas vivências e das minhas inspirações. O título já carrega sua essência: palavras que queimam, palavras em ebulição, como lava que flui da própria vida”, explica Toninho.

Uma inovação presente na obra é o Metacordel, uma criação original do autor. Essa estrutura permite que o poema seja lido de forma linear ou na direção oposta, mantendo seu significado. Inspirado em um texto de Clarice Lispector, o formato confere uma dinâmica única à obra.

Entre os capítulos, o autor destaca o poema bônus Memorial Terra Pindorama, que oferece uma visão poética sobre a chegada dos portugueses e a ruptura causada aos povos originários. Pindorama, a terra que antecedeu o Brasil, torna-se protagonista dessa narrativa histórica e reflexiva.

“Este livro é carregado de vida e significado. É o resultado de anos de amadurecimento, feito com todo carinho e dedicação. Agora, sinto que é o momento certo para compartilhá-lo com o mundo”, finaliza Toninho, convidando os leitores a explorarem as palavras em lava que compõem sua obra.

Mais informações 

Toninho de Arapapá Barbosa, nascido Antônio Barbosa Costa em 2 de dezembro de 1966, em São João do Arapapá, povoado pertencente ao município de Vitorino Freire-MA, encontrou na poesia uma companheira desde a infância. Ainda menino, gostava de caminhar pelos arredores de sua terra natal, onde conversava metaforicamente com as borboletas, os vagalumes e as estrelas. Essas interações despertaram nele as primeiras construções poéticas, inspiradas nas coisas e “não coisas” que permeavam a vida no chão do Mearim.

Naquela época, o rádio era o principal veículo de comunicação na região. Toninho ava horas sintonizando emissoras distantes, alcançando conteúdos de grandes rádios do Brasil e até do exterior. Além disso, os livros didáticos, que ele lia com atenção, abriram-lhe as portas para obras de autores como Câmara Cascudo e Cecília Meireles, além das músicas de Luiz Gonzaga, o Rei do Baião. A Tropicália, com seus artistas baianos, foi outra influência marcante, descrita por Toninho como algo cinematográfico, mesmo antes de conhecer o cinema. Essas referências foram fundamentais para moldar seu universo poético e nutrir a imaginação aguçada da infância.

Ainda jovem, Toninho teve que interromper os estudos formais para trabalhar na roça com sua família e, mais tarde, no garimpo. Apesar das dificuldades, viu no garimpo não apenas uma forma de sustento, mas também uma oportunidade de exercitar seu autodidatismo, que se tornaria uma constante em sua vida.

A experiência no garimpo e as memórias da infância se converteram em inspiração para suas canções, muitas das quais participaram de festivais musicais na década de 1980. Entre elas, destaca-se “Paisagem e Miragem”, que conquistou o terceiro lugar no Festival FEMUSP de Serra Pelada e foi tema de uma reportagem na extinta revista Manchete. A canção foi posteriormente gravada pelo cantor Ludisney. Outras composições, como “Óios Brilhantes” (vencedora do 6º FABIP em Araguatins) e “Estrela do Cerrado” (segunda colocada no festival de Paraíso do Tocantins e incluída na coletânea Assim Canta o Tocantins), consolidaram sua presença no cenário musical.

Além da música, Toninho também se destacou como poeta. Ele participou de certames como o 3º Prêmio SESI de Poesia, com o poema “Alumiar”, que lhe rendeu o terceiro lugar nas categorias escrita e interpretação. Foi finalista no Prêmio Nestlé de Literatura para Novos Escritores, com a coletânea “Contos de Infinitude”, e, em 2015, teve um trabalho selecionado para o 9º Salão do Livro de Palmas-TO, onde apresentou o espetáculo “Poema Musical para um Mestre: Patativa do Assaré”, que mesclava teatro, poesia e música.

Atualmente, Toninho está prestes a lançar seu livro “Palavras em Lava”, enquanto continua a trabalhar em projetos artísticos e culturais. Sua trajetória é marcada pela militância na arte e pelo autodidatismo, sempre em busca de conhecimentos que lhe permitam contribuir para o processo civilizatório, mantendo viva a essência de quem aprendeu com a vida e com a terra.

Texto: Jornalista Dandara Barbosa