Cultura

Campo Santo: cemitério de pedras com mais de 100 anos pode se tornar sítio arqueológico

Campo Santo
Campo Santo: Cemitério de 100 anos guarda corpos de descendentes de escravos, no Tocantins — Foto: Manoel Junior/Governo do Tocantins


O centenário cemitério de pedras, conhecido como Campo Santo, construído por descendentes de escravos há mais de 100 anos, pode estar prestes a receber uma importante proteção legal e se tornar um sítio arqueológico histórico. Esse local tem profundo significado em termos de memória e história para a Comunidade Quilombola Rio Preto, situada no município de Lagoa do Tocantins.

Autoridades governamentais do estado do Tocantins e representantes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) recentemente visitaram a região e estão considerando a possibilidade de classificar o cemitério como um sítio arqueológico histórico. Após a visita à comunidade, mais pesquisas e avaliações serão conduzidas para fortalecer a proteção da memória e história do povoado.

Cemitério chamado de Campo Santo pode virar sítio arqueológico, no interior do Tocantins — Foto: Manoel Junior/Governo do Tocantins

Para os moradores da Comunidade Quilombola Rio Preto, como a cantora Onorata Ferreira Lopes, de 78 anos, o Campo Santo representa um local de grande estima. Muitos anteados repousam ali, sob as grandes pedras e túmulos construídos pela própria comunidade.

Campos Santo
Túmulos de cemitério centenário eram construídos com pedras — Foto: Manoel Junior/Governo do Tocantins

As lápides eram originalmente produzidas pela comunidade a partir da lapidação de pedras de um morro próximo, embora essa prática tenha cessado ao longo dos anos.

Hoje, as gerações mais jovens são responsáveis por proteger o cemitério. Uma cerca improvisada foi instalada para impedir que o gado de uma fazenda vizinha entrasse no local. Essa ação simboliza a preservação de um local que se tornou um ícone do quilombo.

Campo Santo
Túmulos de cemitério centeário eram construídos com pedras — Foto: Manoel Junior/Governo do Tocantins

Campo Santo e a Lei

De acordo com a Lei Federal n.º 3.924 de 1961, monumentos arqueológicos ou pré-históricos e os elementos neles encontrados são protegidos pelo poder público. Os cemitérios identificados como sítios arqueológicos são classificados como monumentos arqueológicos.

Caso o Campo Santo seja oficialmente enquadrado como um sítio arqueológico histórico, ele ará a ser uma área protegida por lei, garantindo sua preservação e impedindo destruição. A proteção legal também estabelece que atividades no local e em suas proximidades não poderão impactar o sítio. A superintendente do Iphan no Tocantins, Cejane Pacini Leal Muniz, esclareceu que é necessário realizar pesquisas adicionais antes da conclusão desse processo de proteção.

Campo Santo
Campo Santo: Cemitério de 100 anos guarda corpos de descendentes de escravos, no Tocantins — Foto: Manoel Junior/Governo do Tocantins

Leia mais:

Líderes quilombolas participam de audiência com ministro e relatam situação vivida no TO por comunidades

Rota Quilombola do Jalapão é apresentada em evento no Rio de Janeiro

Brener Nunes

Repórter

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins

Jornalista formado pela Universidade Federal do Tocantins Assessor de Imprensa do SENAI Tocantins